sábado, 12 de março de 2011

Aniversário de Recife e Olinda




História de Recife

O Recife é uma cidade que encanta à primeira vista. História e beleza misturam-se em um cenário plantado à beira-mar e cortado por extensos rios e pontes. A exemplo de outras cidades portuárias, nasceu e se desenvolveu em torno do seu porto. Como descreve o escritor Josué de Castro, “é este um dos seus aspectos mais singulares: em regra, constrói-se um porto para servir a uma cidade; no caso, levantaram os holandeses uma cidade para servir a seu porto”. Seu nome é uma variação da antiga forma arrecife, que do árabe ar-cif significa dique, alusão aos rochedos de corais abundantes ao longo do litoral.

No dia 12 de março, a cidade comemora 473 anos. A mais antiga referência sobre o Recife é de 1537, no documento Foral de Olinda, no qual está determinado o estatuto jurídico da propriedade da terra. Um pequeno mundo, um povoado, não muito distante de Olinda (apenas 6km ao Norte), que era o lugar central do poder e da riqueza da capitania de Pernambuco, governada nos primeiros tempos, por Duarte Coelho. Nesta época, o Recife era apenas parte do território de Olinda, o que durou até 1709.

Recife já apresentava sinais de prosperidade no século 16 e iria expandir ainda mais no século 17. O seu porto – mais uma vez ele – consolidava-se como espaço privilegiado. O chamado sítio urbano se alargava e o rico açúcar produzido na região despertava a cobiça de outros povos, como os holandeses que, em 1630, desembarcaram na região com 67 navios e sete mil homens. Os novos conquistadores dominaram a região por 24 anos e a fizeram prosperar. O conde Maurício de Nassau trouxe para o Recife os pintores Frans Post e Albert Eckout e cientistas como Willem Piso e Jorge Marcgrav. Iniciava-se, sem dúvida, um período de prosperidade e o Recife começava a tomar ares de uma cidade moderna. Os tempos de Nassau ficaram na história como gloriosos e marcaram o processo de urbanização da cidade, que esteve sob domínio holandês até 1654.

Ocupando o espaço deixado pelos holandeses, comerciantes vindos de Portugal vêm para o Recife. A prosperidade do povoado, impulsionada pela ascenção econômica dos portugueses, chamados com desprezo de ‘mascates’, é vista com desconfiança pelos olindenses, senhores de engenhos arruinados pelas dívidas. O conflito entre a nobreza açucareira pernambucana e os novos burgueses desencadeia a Guerra dos Mascates. Os novos moradores do povoado saem vitoriosos e elevam Recife à categoria de vila independente, em 1710, com um governo municipal instalado.

No século 19, a história da cidade é marcada por conflitos políticos: a Revolução de 1817; a Confederação do Equador, de 1824; a Revolução Praieira, de 1848. O Recife vivia com inquietações constantes e não se subordinava ao poder central, desafiando as ordens vindas do Rio de Janeiro. Não era mais uma vila, nem estava subordinado a Olinda. Tornou-se cidade em 1823 e capital pernambucana, em 1827.

De uma vila de pescadores, o Recife tornou-se uma cidade rica em história, cultura e monumentos. São igrejas seculares, pontes, fortificações, ruas antigas e estreitas que convivem, atualmente, com amplas avenidas. Hoje é uma metrópole com cerca de 1,5 milhão de habitantes, ocupando um território de 221km². Continua “serena (…) metade roubada ao mar, metade à imaginação”, como recitou um de seus poetas mais ilustres, Carlos Pena Filho. Nasceu do sonho dos homens e se inventa a cada dia.






História de Olinda

Olinda nasceu em uma colina de onde a visão se projeta sobre o oceano. Além da beleza paisagística, a escolha do lugar teve razões estratégicas: do alto, era mais fácil combater invasores vindos pela costa em busca de riquezas naturais. Ao chegar à nova terra, habitada pelos índios Tabajares e Caetés, o português Duarte Coelho convenceu-se de que aquele era o lugar ideal para instalar a sede do seu governo. Segundo a tradição, ele teria exclamado: “Oh! Linda situação para uma vila!”. Estava, então, fundada a Vila de Olinda, no dia 12 de março de 1537. Hoje a cidade Patrimônio Histórico da Humanidade completa 473 anos.

Instalada a sede do primeiro governo da Capitania de Pernambuco, a nascente vila, que depois seria transformada em cidade e capital, foi, aos poucos, desenhando o seu traçado urbanístico. Sobrados e ruas coloniais, monumentos, igrejas imponentes, galerias de arte e artesanato transformaram Olinda em uma cidade que “é só para os olhos. Não se apalpa, é só desejo” (Carlos Pena Filho).

Com a exploração do pau-brasil e o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar, Olinda tornou-se um dos mais importantes centros comerciais da colônia. A presença das ordens religiosas na vila foi importante para a definição urbanística do lugar e de fundamental importância para a conquista definitiva das terras. Invadida pelos holandeses em 1630 e incendiada no ano seguinte, foi reconstruída apenas em 1664. Após esse período, o povoado do Recife começou a crescer, com a presença dos comerciantes portugueses. Olinda foi, aos poucos, perdendo espaço para a nova vila que se fortalecia, deixando, finalmente, de ser capital em 1827.

Deixou de ser centro político, porém continuou sendo referência histórica e cultural. Costuma-se dizer que Olinda tem a maior concentração de artistas e artesãos do País. Mais de 10% de sua área total (42,3km²) pertencem ao Sítio Histórico, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O seu rico acervo arquitetônico, cultural e natural a transformam em exemplo de cidade colonial brasileira. Do alto de suas colinas, é possível fechar os olhos e imaginar como viviam os povos que habitaram a cidade entre os séculos 17 e 19.


DOCUMENTO

O Foral de Olinda é o documento mais antigo relativo à cidade e o único conhecido no País. Outros dois são apenas citados: o de Santos, de 1545, e o de Piratininga, de 1558, ambos em São Paulo. Mas nunca foram encontrados. Pesquisadores afirmam que o Foral de Olinda é o único que concede ao núcleo urbano nascente o título de ‘vila’, assegurando-lhe um amplo patrimônio territorial.


PIONEIRISMOS:

» Primeira Câmara de Vereadores do Brasil (1548)

» Primeiro teatro brasileiro (1575)

» Primeiro grito pela República (Bernardo Vieira de Melo, 1710)

» Primeiro curso jurídico do País (1827)

» Primeira biblioteca pública do Brasil (1830)

» Primeira manifestação real para a abolição da escravatura no Brasil, com a libertação de todos os escravos pelos dirigentes do Mosteiro de São Bento (1831)


Fonte: JC Online



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